Apresentação

sábado, 2 de maio de 2015

A Justiça e o Direito nos jornais deste sábado

A Justiça e o Direito nos jornais deste sábado



Suposta proximidade
Em sua edição desta semana, a revista Veja afirma que um relatório da Polícia Federal indica uma suposta proximidade entre o sócio e presidente da OAS, Léo Pinheiro, e o ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Toffoli. A menção a Toffoli surgiu em troca de mensagens em que o empreiteiro e o ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves, em 13 de novembro de 2014, combinam a ida ao aniversário de Toffoli, dois dias mais tarde. Preso horas após o diálogo com o ministro do STJ, Léo Pinheiro foi solto na última quarta após decisão do STF. É o que informa o jornal Folha de S.Paulo.

Aparências enganam
Em editorial, o jornal Estado de S. Paulo afirma que as investigações sobre a corrupção na Petrobras levadas a efeito pela operação “lava jato” sofreram um aparente prejuízo com a decisão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal de transformar em prisão domiciliar a prisão preventiva em regime fechado de nove executivos de empreiteiras, que estavam há cerca de seis meses sob custódia da 13ª Vara Federal, à qual cabe o julgamento das ações penais relativas à corrupção na estatal. Segundo o jornal é preciso, contudo, muito cuidado com as aparências, para que não se assumam posições passionais


Visitas à Petrobras
Dez lobistas apontados como operadores de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobras e desbaratado pela operação “lava jato” visitaram a estatal petrolífera pelo menos 1.800 vezes entre 2000 e 2014. A companhia anexou ao inquérito principal da "lava jato" na quinta-feira (30/4) um extenso relatório que contabilizou as visitas dos supostos operadores. Os nomes foram indicados pelo ex-gerente executivo Pedro Barusco, que foi braço direito do ex-diretor de Serviços da empresa Renato Duque, em sua delação premiada As informações são do jornal Estado de S. Paulo.

Tráfico de influência
As viagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva bancadas por empreiteira e suas ações no Caribe e na África estão sob suspeita. Uma investigação por tráfico de influência foi aberta e a oposição quer o petista como alvo da CPI do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O 1º Ofício de Combate à Corrupção da Procuradoria da República do Distrito Federal abriu a apuração para avaliar a existência de vantagens econômicas obtidas pelo ex-presidente para influir em contratos no exterior. As informações são do jornal Correio Braziliense.

Contratos suspeitos
Em resposta à matéria da revista Época desta semana, o Instituto Lula divulgou, no final da tarde desta sexta-feira (1/5), nota contestando as informações e dizendo que, ao ser procurado, o presidente do instituto, Paulo Okamoto, não foi informado sobre a iniciativa do Ministério Público e que a publicação também não divulgou "as respostas dadas às ilações incorretas da revista". A publicação traz na capa matéria intitulada "Lula, o Operador", destacando que o MP abre investigação contra o petista por tráfico internacional de influência e que ele seria suspeito de ajudar a construtora Odebrecht a ganhar contratos na América Latina e na África com dinheiro do BNDES. As informações são do jornal Estado de S. Paulo.


Fraudes em licitações
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o prosseguimento de investigações para apurar se o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, esteve envolvido em esquema de fraude na licitação envolvendo a empresa Controlar. Ele atendeu à solicitação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A companhia era responsável pelo sistema de inspeção veicular na cidade de São Paulo na época em que Kassab era prefeito da capital paulista. O caso começou a ser investigado pela Polícia Civil paulista, mas foi encaminhado ao STF porque Kassab se tornou ministro de Estado. Em despacho na quinta-feira (30/4), o ministro do Supremo atendeu a solicitação de Rodrigo Janot para que Kassab se manifeste nas investigações no período de 20 dias. As informações são do jornal Estado de S. Paulo.

Contas na Suíça
Fruto do entendimento entre os Ministérios Públicos brasileiro e francês, o arquivo bruto com os dados das contas secretas do HSBC da Suíça deverá chegar ao Brasil dentro de duas semanas. O comunicado foi feito pelo secretário de Cooperação Internacional da Procuradoria Geral da República, Vladimir Aras, aos integrantes da CPI que investiga o caso Swissleaks. Aras fez parte da delegação, liderada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que passou recentemente três dias em Paris negociando a cessão da lista. As informações são do jornal O Globo.

Revista
 Consultor Jurídico, 2 de maio de 2015, 12h23Topo da página

quinta-feira, 30 de abril de 2015

A Justiça e o Direito nos jornais desta quinta-feira

A Justiça e o Direito nos jornais desta quinta-feira



Indicação de ministro
Causou polêmica entre juristas a criação de comissão na Câmara que tenta estender à Casa poder de indicar ministros para o STF. A comissão tem deputados investigados pela corte. O ministro Marco Aurélio Mello criticou a discussão na Câmara e disse que, para ele, o modelo atual, com indicação da Presidência da República e sabatina pelo Senado, é o mais adequado.  O ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto avaliou que poderia ser feito um aperfeiçoamento do sistema apenas a fixação de mandato para os ministros, uma das possibilidades em debate. Para ele, isso deixaria o tribunal mais “arejado”. As informações são do jornal O Globo.

Contas abertas
O Senado aprovou nesta quarta-feira (29/4) a medida provisória que proíbe o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de se recusar a fornecer informações sobre operações de empréstimo com base em sigilo contratual, incluindo financiamentos para obras no exterior. A emenda, destinada a abrir o sigilo das operações da instituição, foi incluída na MP pela Câmara dos Deputados, contrariando posição do governo. As informações são do portal Terra.

IR sobre férias
A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu que incide Imposto de Renda (IR) sobre o adicional de férias usufruídas, correspondente a um terço do salário do trabalhador. O percentual é retido na fonte pelos empregadores. A decisão foi tomada no julgamento de recurso repetitivo, que serve de orientação para as demais instâncias. Para a maioria dos ministros, o terço de férias usufruídas tem caráter remuneratório e, portanto, haveria incidência de Imposto de Renda. As informações são do jornal Valor Econômico.

Financiamento estudantil
O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso concedeu liminar nesta quarta-feira (29/4) autorizando que o governo exija o cumprimento das novas regras fixadas recentemente para a concessão de financiamento pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) mesmo para estudantes que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em anos anteriores. Isso vale apenas para os novos contratos. Nos casos de renovação, Barroso proibiu a aplicação das exigências, para preservar o contrato já celebrado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Atrasos condenados
A Justiça Federal do Distrito Federal condenou a TAM a pagar uma indenização de R$ 1 milhão a cerca de 80 mil passageiros prejudicados por voos atrasados ou cancelados em 2010. Os cancelamentos e atrasos ocorreram entre os dias 28 e 30 de novembro de 2010. Segundo o Ministério Público, em apenas três dias, a TAM registrou 266 cancelamentos e 200 atrasos em voo. As informações são do site da revista Exame.

Greve no Judiciário
Servidores em greve do judiciário catarinense protestaram na tarde desta quarta-feira (29/4) na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Em assembleia, realizada com trabalhadores de todo o estado, eles decidiram por manter o movimento, que começou em 9 de abril. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina informou o encerramento das tratativas com as lideranças sindicais. Conforme o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário de Santa Catarina (Sinjusc), 75 % da categoria aderiu, o que equivale a trabalhadores de 104 das 111 comarcas de todo o estado. As informações são do portal G1.

Pedaladas fiscais
O Ministério Público Federal instaurou investigação para apurar a suspeita de crime contra as finanças públicas, passível de até dois anos de reclusão, nas manobras fiscais praticadas pela equipe econômica do governo Dilma Rousseff. O procedimento ficará à cargo do Núcleo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República no Distrito Federal, que deve convocar os envolvidos no caso para explicar as chamadas “pedaladas”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais propinas
Sem citar valores, o doleiro Alberto Youssef disse em depoimento prestado nesta quarta-feira (29/4) na Justiça Federal no Paraná que a Odebrecht pagou propina também no Brasil, onde os valores eram entregues em dinheiro vivo no escritório dele por representantes da empreiteira e por meio de emissários da doleira Nelma Kodama. Empreiteira nega ter feito pagamentos ilícitos em contratos da Petrobras e afirma que delator mente. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Revista vexatória
A 13ª Câmara Cível do Rio de Janeiro determinou nesta quarta-feira (29/4), o fim da revista vexatória aos visitantes de presos nos presídio do estado. O pedido foi feito pela Defensoria Pública do Rio. A desembargadora Sirley Abreu, relatora do caso, foi vencida pelos votos dos colegas Gabriel Zefiro e Agostinho Teixeira. As informações são do colunista Ancelmo Gois, do jornalO Globo.

Quebra em cadeia
A Abimaq, associação que representa fabricantes de máquinas e equipamentos, está agendando audiência com Aldemir Bendine, presidente da Petrobras, para levar a ele "um dossiê" relatando "o descalabro" no setor. De acordo com Carlos Pastoriza, presidente da entidade, 200 empresas estão prestes a quebrar porque não recebem das empreiteiras envolvidas na operação "lava jato". A Abimaq estudou promover ação para a retomada das máquinas vendidas. Mas o departamento jurídico da entidade avisou que a iniciativa dificilmente daria resultado. As informações são da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.

Favorecimento investigado
A ex-procuradora-geral de Justiça do Maranhão, Maria de Fátima Rodrigues Travassos Cordeiro, é ré em ação de improbidade administrativa acusada de ter livrado de um processo o cunhado da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), Ricardo Murad. Segundo denúncia do Ministério Público do Maranhão contra a ex-chefe da instituição, o favorecimento ao político aconteceu em 2011, quando ele, junto com outros réus, respondia a um processo acusado de formação de quadrilha e fraude em licitações. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Bens desbloqueados
A Justiça Federal do Rio de Janeiro decretou o desbloqueio dos bens do empresário Eike Batista e de seus familiares. O patrimônio, que inclui carros de luxo e um iate, estava congelado para garantir eventual indenização no processo sobre crimes contra o mercado financeiro. Em sua sentença, o juiz Vitor Barbosa Valpuesta, da 3ª Vara Federal Criminal, determinou a nulidade de todas as decisões proferidas após 18 de novembro de 2014 pelo juiz Flávio Roberto de Souza — que era responsável pelo caso, mas foi afastado em fevereiro depois de ter sido flagrado dirigindo o Porsche Cayenne de Eike, que havia sido apreendido. As informações são do jornal O Globo.

Salário no Carf
Informações que chegaram ao Ministério Público Federal indicam que o Ministério da Fazenda planeja instituir salário de R$ 15 mil para conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ( Carf ). Hoje os conselheiros não são remunerados. O procurador Frederico Paiva, coordenador da força-tarefa da operação zelotes, que apura fraudes e corrupção no Carf, criticou a proposta da Fazenda, em especial a remuneração mensal dos conselheiros. Para ele, as medidas são superficiais, servem de prêmio aos conselheiros e deixam o Carf de portas abertas para a corrupção. As informações são do jornal O Globo.

CPI do Carf
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou a criação da CPI do Carf. O requerimento de criação da CPI, apresentado pelo senador tucano Ataídes Oliveira (TO), obteve ao todo 42 assinaturas, número acima do mínimo necessário de 27 apoios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cães e gatos
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (29/4) projeto de lei que propõe penas rigorosas de prisão para quem maltratar cães e gatos. O texto final do PL 2.833/2011 determina punições para quem matar, agredir ou abandonar os animais. Atos considerados “contra a vida, a saúde ou a integridade física ou mental” dos animais podem levar o agressor a cumprir de 3 meses a 5 anos de reclusão, conforme a tipificação da agressão cometida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

OPINIÃO
Em editorial, o jornal Folha de S.Paulo diz que há um abuso das prisões preventivas no país e que a soltura de empreiteiros implicados na "lava jato" não se confunde com impunidade. "Não apenas os empreiteiros da Lava Jato, portanto, parecem estar sujeitos a um paradoxo cruel da impunidade: o esforço de compensá-la pela espetacularização de um rigor desproporcional e descabido", diz.

Banalização da vida
Em artigo publicado no jornal O Globo, a professora de Direito da PUC-SP e procuradora do Estado de São Paulo, Flávia Piovesan, critica a proposta de redução da maioridade penal. "Reduzir a idade penal para confinar adolescentes na prisão com adultos não apenas viola parâmetros constitucionais e internacionais, como, ainda, carece de qualquer fundamento fático a contribuir na luta contra a impunidade". Para Flávia Piovesan, romper com a cultura da banalização da morte requer, sobretudo, que se rompa com a cultura da banalização da vida.

Ato irresponsável
A procuradora de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro Flávia Ferrer critica em artigo publicado no jornal O Globo a orientação dada aos juízes para que liberem todos os adolescentes internados ao completarem 18 anos, independentemente da infração cometida. "Liberar adolescentes que não estão prontos para retornar à convivência social é um desrespeito, tanto ao direito dos próprios adolescentes como ao direito de todos os cidadãos. A liberação de jovens que ainda não estão em um estágio mínimo de ressocialização é uma irresponsabilidade!", afirma.

Revista
 Consultor Jurídico, 30 de abril de 2015, 11h25Topo da página

A terceirização já existe; só falta dizer como ela pode ser legal

TERCEIRIZAÇÃO EM DEBATE

A terceirização já existe; só falta dizer como ela pode ser legal


A terceirização do trabalho, que passou a ocupar o centro das discussões nos últimos dias, já é uma realidade no país há alguns anos.  Não há como voltar atrás. Poucos discordam. Nem mesmo ministros do Tribunal Superior do Trabalho ou o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho se opõem. A polêmica começa quando se coloca em debate a maneira como deve ser feita a terceirização. E a oposição é praticamente unânime quando se abre a possibilidade simplesmente de terceirizar a gestão da mão de obra da empresa e não a atividade seja na forma de prestação de um serviço ou da produção de uma peça.  A equipe do Anuário da Justiça conversou com  ministros do TST e do Supremo Tribunal Federal, com procuradores do Trabalho e advogados sobre a questão e especialmente sobre o projeto de lei que está em tramitação no Congresso Nacional. É disso que trata a série de reportagens e entrevistas "Terceirização em debate".
Tanto trabalhadores quanto empresários entendem que um marco regulatório para a terceirização é fundamental para estabilizar as relações de trabalho. Sem que esteja claro quais são os direitos e deveres de empresas e terceirizados, os conflitos tendem a se multiplicar, sem qualquer previsão de como o Judiciário poderá se manifestar nos processos trabalhistas.
Até agora o único parâmetro é a Súmula 331 do TST, que permite a terceirização da atividade-meio e proíbe a da atividade-fim. Uma súmula do TST não é vinculante, ou seja, sua aplicação não obrigatória pela primeira ou pela segunda instâncias da Justiça do Trabalho. Mas é o único sinalizador da matéria diante do total vazio legislativo, como observa o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Antônio de Barros Levenhagen: "Enquanto não houver uma regulamentação pelo Parlamento, nós estaremos aplicando a nossa súmula, mas no momento em que sobrevier uma lei regulamentando a terceirização evidentemente que nós vamos nos adaptar e acatar a lei do Congresso Nacional. Porque seria também uma insanidade institucional o juiz ser refratário a uma lei proveniente do Parlamento", diz ele (clique aquipara ler entrevista do presidente do TST sobre terceirização).
O exemplo mais citado de terceirização bem sucedida e bem comportada é o da indústria automobilística. Já faz um bom tempo que as fábricas de automóveis deixaram de ser fábricas e passaram a ser montadoras. Pelo simples fato de que elas terceirização a fabricação das peças para os fabricantes de autopeças. Em consequência disso, a fábrica da Wolkswagen em São Bernardo do Campo, que já teve mais de 30 mil trabalhadores, hoje, como montadora, não tem mais que 13 mil. Os outros 17 mil estão trabalhando para a Volkswagen, não como terceirizados, mas como contratados das fábricas que fornecem autopeças para a montadora.  Omodus operandi da indústria automobilística é amplamente aceito hoje em dia.
Não não é disso que trata o Projeto de Lei 4.330/2014, já aprovado pela Câmara dos Deputados e em tramitação agora no senado. O texto aprovado pelos deputados permite a terceirização de mão de obra praticamente sem restrições, num formato que os opositores do sistema definem como de total precarização das condições de trabalho. 
No Senado, ainda não há previsão para a proposta entrar em pauta, mas o presidente Renan Calheiros já se posicionou em relação ao projeto. “Não podemos permitir uma discussão apressada de modo a revogar a CLT. No Senado, essa matéria terá uma tramitação normal. É fundamental regulamentar os terceirizados existentes, mas não podemos regulamentar apenas a atividade-fim, isso seria uma involução, significa revogar a Constituição, os direitos e garantias individuais”, afirmou o senador. O resultado da votação não é previsível.
O texto geral foi aprovado com uma significativa diferença de votos: 324 a favor x 137 contra. Mas sua aprovação causou tal perplexidade que, duas semanas depois, na votação dos destaques que detalham o texto, os votos foram mais equilibrados: 230 a favor x 203 contra. Muitos deputados voltaram atrás. Entre as modificações introduzidas no texto original está a previsão de responsabilidade solidária da empresa contratante quando direitos trabalhistas e previdenciários forem descumpridos. E não mais subsidiária, como no texto original.
Muitos entendem que a proposta em discussão rasga a CLT e acaba com todas as conquistas feitas pelos trabalhadores ao longo dos anos. É o que pensa e diz o ministro do TSTLuiz Philippe Vieira de Mello Filho: “A meu juízo, este projeto de lei para o Brasil é um retrocesso social. É um retrocesso constitucional. Digam o que quiser, essa é a minha opinião como cidadão e como magistrado”, declarou. Vieira de Mello entende que haverá um aviltamento do trabalho e perda dos direitos conquistados. (clique aqui para ler entrevista do ministro Vieira de Mello Filho)
Para o ministro, antes de regulamentar a terceirização, os parlamentares precisariam de coragem para enfrentar a questão da liberdade sindical. “Foi um processo desleal de aprovação da terceirização, porque não mudaram onde tinham medo de mudar, que é mexendo nas representações sindicais”, critica. Quando o trabalhador puder escolher o seu representante, entende, os dirigentes dos sindicatos serão obrigados a ter mais comprometimento com a sua base e, de fato, lutar por seus direitos. Enquanto houver obrigatoriedade de filiação e contribuição sindical compulsória, avalia o ministro, as empresas vão continuar fortes, haverá sindicatos acomodados e trabalhadores sem representação
O procurador-geral do Trabalho, Luís Antônio Camargo de Melo, admite que pode e até deve haver terceirização. O que não pode e não deve haver é a precarização das condições de trabalho. Faz um cálculo simples para mostrar que o Projeto de Lei 4.330 “é o começo do fim do Direito do Trabalho”. Em um país com 45 milhões de trabalhadores formais, existem 12 milhões de terceirizados. Para ele, em vez de fazer com que esses 12 milhões tenham os mesmos direitos garantidos pela lei aos demais trabalhadores, a proposta quer que os outros 33 milhões percam direitos. “Estamos regredindo”, afirma e cita dados que mostram que o número de acidentes de trabalho, doenças profissionais e mortes  é maior entre os terceirizados (clique aqui para ler a entrevista do procurador-geral do Trabalho).
O procurador critica empresários e parlamentares que justificam a terceirização como uma forma de reduzir o alegado alto custo do trabalho formal no país. Para ele, é muito “mais fácil, mais rápido, mais eficaz” retirar direitos sociais dos trabalhadores do que enfrentar o fisco e tentar reduzir a carga fiscal e tributária.
Voz quase solitário no TST, o ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, vice-presidente da corte, diz que a terceirização é um fenômeno global e irreversível. “Hoje, no mundo inteiro, a empresa vertical foi substituída pela cadeia produtiva horizontal”, afirma. Mas ressalta que limites devem ser definidos. Por exemplo, a terceirização como forma de locação de mão de obra não pode ser aceita. Outra grande preocupação do ministro é existência de trabalhadores que exerçam as mesmas funções, de forma permanente, um terceirizado e um funcionário da empresa e com salários diferentes. Para o ministro, é preciso deixar claro no texto da lei que isso não pode acontecer. E que esse é o momento de se discutir como fazer a terceirização e não se a terceirização deve ser feita.
Ele teme que “o atropelamento de se querer a ferro e fogo passar esse projeto” pode ser uma reação ao ultraprotecionismo que entende existir hoje entre os seus colegas de tribunal. De acordo com o ministro, muitas vezes, a corte vai além da proteção prevista e chega a ir contra a própria lei. Cita a jurisprudência definida em relação à Lei de Telecomunicações (Lei 9.472/1997). No seu entendimento, vencido, a lei permite “com todas as letras” a terceirização de serviços, inclusive na atividade-fim. Para a maioria, ou a terceirização não é possível ou a lei não se aplica à Justiça do Trabalho (clqiue aqui para ler a entrevista do vice-presidente do TST).
Pontos de vista
O vice-decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Marco Aurélio , discorda da definição atividade-meio e atividade-fim que, hoje em dia, é o que define o que pode ser feito e o que não pode ser feito em termos de terceirização. “O que precisa ser percebido é que há um empregador que assume o ônus. Agora, é claro que poderá haver uma série de requisitos para ter-se uma segurança maior para o prestador do serviço”, afirma. O ministro ressalta que o país precisa pensar na sua competitividade no cenário internacional. E que, mais dia ou menos dia, a matéria precisa ser disciplinada. Lembrou que há recurso sobre o tema no STF, mas que o ideal é que o Congresso discipline o tema.
Roberto Barroso, ministro do STF, é o relator da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) que discute a terceirização na corte. Diz que estava se preparando para julgar o caso, mas “vejo com felicidade o fato de que o Congresso Nacional está reocupando alguns espaços e sendo capaz de produzir consensos e decisões”. Para defender os direitos fundamentais, destaca, há o Supremo Tribunal Federal. “O que significa que até para o legislador democrático existem limites.”
O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, explicou que a AGU olha tecnicamente para a proposta. Expõe as complexidades políticas, de Direito do Trabalho, da fragilização das relações funcionário-empresa. “É necessário compatibilizar o instrumento terceirização, que existe hoje no mercado, com um mecanismo que garanta algum nível de responsabilidade efetiva das empresas com as garantias trabalhistas. É esse o equilíbrio que tem de ser buscado”, recomenda.
Em relação ao argumento de que o projeto abriria as portas para o fim do concurso público, afirmou que nenhuma lei pode criar alternativas de contratação diferente do que prevê a Constituição Federal. “Não que a preocupação de garantir a funcionalidade das relações de trabalho no âmbito da atividade principal da empresa, da atividade econômica, não tenha de ser observado e garantido”, diz. Mas se o texto aprovado permitir a terceirização de todo o poder público, entende que deve ser considera inconstitucional.
A ministra Delaíde Arantes, reconhecidamente contrária ao projeto de lei, é assertiva na sua justificativa: a proposta precariza ainda mais as relações de trabalho e cria uma subcategoria. Portanto, não é possível ser favorável. “Nós estamos trabalhando para cumprir a Constituição Federal no que se refere à dignidade da pessoa humana, um dos pilares da democracia.”
Ao se manifestar sobre o projeto, a presidente Dilma Rousseff declarou que é preciso haver equilíbrio, o que significaria não acabar com a diferença entre atividade-meio e atividade-fim. Se mostrou preocupada também com a perda de direitos e de arrecadação. “A terceirização tem de estar ancorada em duas exigências: de um lado, o pagamento de impostos, porque não podemos virar um país onde ninguém paga imposto, porque você aceitará uma relação chamada de ‘pejotização’, que é transformar em pessoa jurídica todos os integrantes de uma empresa. Com isso, você não teria pagamentos de impostos, principalmente de contribuição previdenciária. Transformar em ‘pejotização’ significa, por outro lado, a perda de direitos trabalhistas importantes conquistados ao longo do tempo”, manifestou-se Dilma Rousseff.
 é diretor de redação da revista Consultor JurídicoTopo da página
 é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 30 de abril de 2015, 8h35

quarta-feira, 29 de abril de 2015

A judicialização da saúde e o prejuízo da maioria

A judicialização da saúde e o prejuízo da maioria 

* publicada na Revista Advocacia de Excelência - Vol II - março de 2012



A Justiça e o Direito nos jornais desta quarta-feira

NOTICIÁRIO JURÍDICO

A Justiça e o Direito nos jornais desta quarta-feira



Equipamentos de segurança
Três em cada dez presídios brasileiros não contam com qualquer equipamento de segurança para coibir a entrada de armas, celular ou drogas. O dado foi divulgado pelo diretor geral do Departamento Penitenciário Nacional ( Depen), Renato De Vitto, em audiência pública na CPI do Sistema Carcerário. Ele afirmou que por questões de segurança não poderia dizer a localização das unidades. O Depen está finalizando uma ata de registro de preços para comprar equipamentos de segurança e doar aos estados. Serão investidos, segundo De Vitto, R$ 19 milhões. As informações são do jornal O Globo.

Mudanças no Carf
O Ministério da Fazenda exonerou um e dispensou sete conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Entres os dispensados está Meiga Sack Rodrigues, suspeita de participar do esquema de corrupção no Carf, investigado na operação zelotes. Também foram dispensados: Valmir Sandri, Moisés Giancomelli, Maria da Conceição Jacó, José Valdemir da Silva e Arthur José André Neto. Ainda há a exoneração de Marclo Oliveira da presidência da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamentos. De acordo com o Diário Oficial da União, Marcus Livio Gomes foi designado para o mandado de representantes da Sociedade Civil no Comitê de Seleção de Conselheiros do Carf. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Delação premiada
O empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, deve retomar as conversas com o Ministério Público Federal no Paraná para fechar acordo de delação premiada na “lava jato”. A decisão do Supremo Tribunal Federal, de que Pessoa fique em prisão domiciliar, não altera substancialmente a disposição dele de retomar as conversas com os procuradores, como se imaginava. A diferença agora é que, fora da cela, ele poderá negociar submetido a uma pressão menor. O advogado de Pessoa, Alberto Toron, não comenta a hipótese de delação. Diz apenas que "o julgamento do habeas corpus no STF foi histórico. Resgata a proteção dos direitos fundamentais do cidadão no processo penal e reafirma a democracia em detrimento de um clamor público irracional". As informações são da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.

Pedaladas fiscais
O governo federal tenta evitar que o Tribunal de Contas da União (TCU) envie relatório que aponta irregularidades em manobras fiscais da equipe econômica para o Ministério Público Federal (MPF). Em recurso apresentado à corte, a Advocacia-Geral da União (AGU) pede que o resultado da auditoria sobre as chamadas "pedaladas" só seja remetido à Procuradoria da República no Distrito Federal, que toca investigação sobre o caso para apurar eventual prática de improbidade administrativa, depois que 17 envolvidos sejam interrogados. O pedido será julgado em sessão marcada para esta quarta-feira (29/4). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Danos a agricultores
A 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça retomou nesta terça-feira (28/4) um julgamento no qual se discute se a Itaipu deve pagar danos materiais a um grupo de agricultores da região que alega ter sofrido prejuízo, na safra de 1983, com a construção do lago pertencente à usina. A discussão, porém, foi interrompida novamente por um pedido de vista. Por ora, há dois votos a favor da empresa. Faltam ainda três votos. De acordo com o advogado da Itaipu Binacional, Carlos Eduardo Pianovski, do Fachin Advogados, há cerca de cem processos sobre o assunto tramitando na Justiça e essa será a primeira manifestação do STJ sobre a prescrição da ação. As informações são do jornal Valor Econômico.

Indicação de ministros
Por determinação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a casa voltou a discutir uma proposta de emenda à Constituição que define mandato de 11 anos para ministros do Supremo Tribunal Federal, além de retirar do presidente da República a exclusividade na indicação dos ministros da Corte. Sem alarde, Cunha instalou no início de abril uma comissão especial para retomar a discussão do tema parado há 14 anos na Casa e determinou celeridade na conclusão dos trabalhos. A primeira reunião da comissão está marcada para esta quarta-feira (29/4). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dívidas com a União
O Senado aprovou projeto que adia para 2016 a aplicação dos novos índices de correção das dívidas dos Estados e municípios com a União. A princípio, o projeto obrigava o governo a fazer valer os novos índices em até 30 dias, o que reduziria o valor das dívidas. Também foi incluída uma "brecha" que socorre financeiramente Estados e municípios ao permitir o uso de parte dos depósitos judiciais e administrativos de processos em andamento para o pagamento de precatórios, compromissos da dívida pública ou investimentos. Com as mudanças, o texto volta para a Câmara. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Aviso de transgênico
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (28/4) o projeto que acaba com a exigência de afixar o símbolo de transgenia nos rótulos de produtos geneticamente modificados (OGM) destinados a consumo humano.  O texto modifica a Lei 11.105/2005 que determinava a obrigação da informação em todos os produtos destinados a consumo humano que contenham ou sejam produzidos com OGM. O texto agora vai para análise e votação dos senadores. As informações são do site da revista Exame.

Novo membro do TCE-RJ
Em apenas quatro horas, o deputado estadual do Rio de Janeiro Domingos Brazão (PMDB) foi escolhido como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) pela Assembleia Legislativa (Alerj), nomeado pelo governador Luiz Fernando Pezão e empossado na corte. Enquanto corria para assumir a vaga, a Associação Nacional dos Tribunais de Contas ( Audicon) entrou com uma ação no Tribunal de Justiça pedindo o afastamento imediato de Brazão do cargo, além da anulação da sessão na Alerj. A entidade afirma que Brazão burlou a lei ao ser nomeado e empossado como conselheiro sem que os atos fossem publicados antes no Diário Oficial. As  informações são do jornal O Globo.

Concessão de pensão
O governo cedeu mais uma vez e concordou com mudanças importantes no texto da medida provisória ( MP) 664, que endureceu as regras para concessão de pensão por morte e auxílio-doença, no âmbito do ajuste fiscal. Após negociar com o governo, o relator da MP, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), diminuiu o tempo de contribuição previsto para o cônjuge ou companheiro obter pensão por morte. Ele também rejeitou o artigo que reduzia o valor do benefício para 50%, mais 10% por dependente. As informações são do jornal O Globo.

Sacolinhas plásticas
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), entrou nesta terça-feira (28/4) com ação na Justiça para barrar a cobrança pelas novas sacolas plásticas feita pelos supermercados. A ação civil pública tem objetivo similar ao pedido da SOS Consumidor, que recorreu judicialmente contra a cobrança, mas teve a liminar negada na semana passada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Censura ética
Após um ano da abertura do processo, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu ontem que Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, violou os princípios do Código de Conduta da Alta Administração Federal e os deveres dos administradores das Sociedades Anônimas, no processo de compra da refinaria Pasadena, nos Estados Unidos. Em decisão unânime, a comissão aprovou a aplicação de censura ética a Cerveró. A deliberação cria um constrangimento para que ele volte a ocupar cargos públicos, uma vez que Cerveró deixa de ter reputação ilibada. As informações são do jornal O Globo.

OPINIÃO
Reforma desnecessária

Em editorial, o jornal O Estado de S. Paulo defende ser desnecessária uma reforma no Código Comercial. O jornal aponta que há dois projetos em análise no Congresso e que ambos são muito criticados. Ao justificar a manutenção do atual Código Comercial, o Estadão aponta que desde 2002, o direito empresarial é disciplinado em sua maior parte pelo Código Civil. E as questões mais técnicas são tratadas por textos legais específicos - como a Lei das Sociedades Anônimas, a Lei dos Títulos de Crédito e a Lei de Recuperação das Empresas. “Nos meios empresariais e jurídicos, o temor é de que um Código Comercial com graves problemas conceituais e concessões ideológicas acabe afetando microssistemas jurídicos já consolidados, como as legislações que tratam do sistema financeiro, do mercado de capitais, do direito concorrencial, da propriedade intelectual, dos seguros, da previdência complementar e do direito do consumidor”, diz.

Revista
 Consultor Jurídico, 29 de abril de 2015, 10h59Topo da página

Jornal que divulga pesquisa de gosto de leitores não deve indenizar concorrente

NÃO SABE PERDER

Jornal que divulga pesquisa de gosto de leitores não deve indenizar concorrente


Um jornal que divulga pesquisa de preferência dos leitores não deve indenizar concorrente que ficou abaixo dele no levantamento. Com esse entendimento, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negou recurso de um jornal do interior de Santa Catarina que reclamou por ter aparecido em terceiro lugar no gosto dos leitores em pesquisa publicada por outro veículo da região, que ficou em primeiro no estudo.
A editora jornalística que ajuizou a ação sustentou não ter autorizado a menção ao seu nome, muito menos a divulgação do desempenho que lhe foi atribuído na pesquisa. Disse que o concorrente teria ofendido seus direitos de personalidade, praticando concorrência desleal e publicidade comparativa, o que seria proibido.
O ministro Villas Bôas Cueva, relator do caso no STJ, disse que não há norma expressa que vede a modalidade comparativa de publicidade, o que revela sua aceitação pelo ordenamento jurídico brasileiro. No entanto, apontou, isso não isenta o responsável por esse tipo de propaganda da obrigação de observar as regras relativas à proteção dos direitos do consumidor e da propriedade intelectual.
Cueva lembrou que o direito ao nome é parte dos direitos de personalidade, também aplicável às pessoas jurídicas. No caso da publicidade comparativa, a jurisprudência do STJ veda a propaganda enganosa ou abusiva, isto é, aquela que denigre a imagem do concorrente ou gera confusão entre os produtos ou serviços comparados; configura hipótese de concorrência desleal; ou que peca pela subjetividade ou pela falsidade das informações.
No caso julgado, porém, o relator constatou que a divulgação do resultado da pesquisa de opinião foi objetiva, ainda que movida pela intenção de tornar pública a apontada predileção dos leitores do município pelo veículo divulgador frente aos seus concorrentes.
“Não constituiu hipótese de concorrência desleal de que trata o artigo 195 da Lei 9.279/96 e, pela forma como foi promovida em concreto, além de não ter ofendido nenhum direito de personalidade da pessoa jurídica recorrente, também não assumiu natureza de propaganda comercial, pelo que não há falar em dano moral indenizável”, concluiu o ministro. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.
Clique aqui para ler a decisão.
REsp 1.481.124

Revista
 Consultor Jurídico, 29 de abril de 2015, 9h39Topo da página

Mudança no plano de saúde empresarial não pode lesar o trabalhador

Mudança no plano de saúde empresarial não pode lesar o trabalhador


A autora da ação, enquanto trabalhava para o Unibanco, aderiu a um plano de saúde que oferecia diversos serviços, entre eles internação obstétrica e transporte aeromédico inter-hospitalar. Após a mudança de administração, a reclamante relatou ter sido obrigada a contratar um novo modelo de assistência médica que não possuía as mesmas especificações do anterior.
Em contestação, a instituição financeira afirmou que preservou os melhores serviços oferecidos pelos planos vigentes em cada banco. E lembrou que excluiu apenas os procedimentos não contabilizados no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS). O Itaú também sustentou que o pedido de nulidade seria improcedente devido à adesão voluntária da bancária ao novo serviço de assistência médica.
Segundo a 22ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, a opção por permanecer no antigo plano não existiu e o o Itaú Unibanco admitiu a retirada de benefícios, ficando claro o prejuízo à empregada. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), ao julgar a apelação do banco, também considerou a solicitação da bancária procedente.
No TST, a relatora do caso, ministra Kátia Arruda, avaliou que o TRT-4 decidiu, com base nas provas, que houve alteração contratual lesiva. De acordo com ela, para adotar entendimento diferente seria necessário o reexame de provas, vedado pela Súmula 126 do TST. Com informações da Assessoria de Imprensa do TST.

Revista
 Consultor Jurídico, 29 de abril de 2015, 10h00Topo da página

segunda-feira, 27 de abril de 2015

A Justiça e o Direito nos jornais desta segunda-feira

A Justiça e o Direito nos jornais desta segunda-feira



Acidente em casa
A Justiça trabalhista considerou como acidente de trabalho a queda sofrida em casa por uma empregada da Avon, que fraturou o pé. A decisão, mantida pelo Tribunal Superior do Trabalho, deixa em alerta empresas que adotam o modelo de "home office". Além de um ano de salário, a vendedora receberá R$ 20 mil por danos morais. Delaíde Miranda Arantes, ministra o do TST, afirma que o Judiciário deve estar atento às novas formas de trabalho. "A jurisprudência tem que ser dinâmica para alcançar as novas realidades", diz ela. As informações são do jornal Valor Econômico.

Reformas paradas
O plano lançado pela presidente Dilma Rousseff em 2011 para reduzir a superlotação nas penitenciárias ainda não criou nenhuma vaga. De 99 obras de reforma e construção de presídios previstas, por meio de convênios com os estados, 46 ainda não saíram do papel. Das 53 que foram iniciadas, 33 estão paralisadas. A promessa era criar 45.934 vagas, para amenizar o déficit de 230 mil. Entre as razões do atraso estão licitações canceladas e desistência de empresas. As informações são do jornal O Globo.

Novas súmulas
A 1ªSeção do Superior Tribunal de Justiça aprovou na semana passada três súmulas. Duas delas (523 e 524) envolvem temas tributários — uma define a base de cálculo do ISS das empresas que fornecem mão de obra e a outra estabelece qual taxa de juros deve ser aplicada na devolução de impostos pagos indevidamente. A terceira súmula aprovada, 525, refere-se à competência de Câmara Municipal para ajuizar ação sobre interesses dos próprios vereadores. A súmula aprovada afirma que "a Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais". As informações são do jornal Valor Econômico.

Transações vigiadas
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) vai disparar nesta semana alertas a bancos, empresas e outras instituições para que passem a comunicar qualquer movimentação atípica envolvendo servidores públicos. Também integram o “grupo de risco” do Coaf agências de turismo, postos de gasolina que realizam factoring (negociação de créditos), empresas de comércio exterior — em razão de remessas ilegais —, importadores de produtos que podem ser usados para produzir drogas, sites de vendas de internet, movimentações de cartões de benefícios — pelos quais pode-se praticar agiotagem —, contas bancárias de estudantes — pelas quais pode circular dinheiro do tráfico —, além de prefeituras que contratam shows sem licitação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Hora errada
Os juristas chamados pelo PSDB para fundamentar um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff afirmam que, mesmo que haja base legal, não há clima político para investir no afastamento da petista. "Do ponto de vista jurídico já existem elementos para pedir o impeachment. Mas, do ponto de vista político, a presidente ainda conta com mais de um terço do Congresso. Portanto, não haveria muita chance. Não é o momento ainda", afirma o advogado Ives Gandra Martins, autor do primeiro parecer enviado ao partido. Conselheiro jurídico do PSDB, o advogado José Eduardo Alckmin segue a mesma linha. "Já existem elementos jurídicos, mas talvez seja bom esperar um pouco para ver o que mais aparece", pondera. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mega empresário
Dirigentes de uma das empresas investigadas pela Polícia Federal na operação “lava jato”, sediada no Panamá, eram, segundo registros oficiais, ligados a milhares de firmas. Presidente da Construtora Del Sur de 2009 até 2014 (quando foi fechada), Asterio Caballero Ibarra já participou da direção de 2,7 mil empresas no Panamá. Situação semelhante à do secretário Berta Acoca de Patton, com 7,2 mil empresas e a do tesoureiro, Oriel F. Kennion, com 2,4 mil. Os documentos reforçam as suspeitas da PF de que a empresa funcionava apenas no papel. As informações são do jornal O Globo.

Doações eleitorais
A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) reconheceu em depoimento à Polícia Federal que pediu contribuições a pelo menos cinco das grandes empreiteiras investigadas na operação “lava jato”, mas negou que tenha recebido dinheiro do doleiro Alberto Youssef ou do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi, também negou que tenha intermediado pedido de dinheiro a Costa ou a Youssef para a campanha da mulher ao Senado em 2010. Segundo Gleisi e seu marido, todos os recursos da campanha foram legalmente declarados à Justiça Eleitoral. As informações são do jornal O Globo.

Pena de morte
O governo da Indonésia reafirmou neste domingo (26/4) que está determinado a avançar com a execução de oito estrangeiros, entre os quais um brasileiro, condenados por tráfico de drogas, apesar da contestação mundial liderada pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. No sábado (25/4), as autoridades indonésias notificaram os oito estrangeiros — da Austrália, Nigéria, do Brasil e das Filipinas — informando que as execuções, por um pelotão de fuzilamento, ocorrerão em breve. As informações são do portal Último Segundo.

Casos no TJ-PR
O professor de direito indicado pela presidente Dilma Rousseff para ocupar uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, atuou nos últimos anos em dezenas de processos abertos no tribunal em que sua mulher é juíza. De acordo com levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo, Fachin atuou ou ainda atua como advogado em 57 processos abertos desde 2013 no Tribunal de Justiça do Paraná, onde sua mulher, Rosana Amara Girardi Fachin, é desembargadora desde 1999. Nada impede que um advogado atue num tribunal onde um parente é juiz.

Casos evitados
Em nota, a assessoria de imprensa do advogado Luiz Edson Fachin afirmou que sua mulher, a desembargadora Rosana Amara Girardi Fachin, evita julgar ações em que ele ou advogados ligados a ele tenham interesse no Tribunal de Justiça do Paraná. "[Rosana] tomou a iniciativa de não só se declarar impedida, mas também deixar determinação formal no setor de distribuição do tribunal para que não fosse distribuído ao gabinete dela qualquer processo envolvendo o doutor Fachin ou qualquer advogado vinculado a ele", afirma a nota da assessoria. As informações são do jornalFolha de S.Paulo.

Revista
 Consultor Jurídico, 27 de abril de 2015, 11h25Topo da página