Apresentação

sábado, 6 de dezembro de 2014

Propinoduto: Sexta Turma confirma condenações por quadrilha e lavagem de dinheiro

Propinoduto: Sexta Turma confirma condenações por quadrilha e lavagem de dinheiro

O escândalo do “Propinoduto” veio à tona em 2003, depois que a Justiça Suíça alertou as autoridades brasileiras sobre a suspeita de contas bancárias mantidas clandestinamente naquele país

Fonte: STJ

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A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a condenação dos acusados no chamado escândalo do “Propinoduto”, do Rio de Janeiro, pelos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O relator, ministro Nefi Cordeiro, enfrentou as 25 mil páginas do processo e rejeitou quase vinte teses de nulidades arguidas pelos condenados.
O ministro apresentou voto de mais de 160 páginas. Em uma análise minuciosa de todas as questões, reconheceu que houve prova da associação estável para a prática de crimes, envolvendo fiscais estaduais e federais, com envio de valores para escondimento no estrangeiro.
O escândalo do “Propinoduto” veio à tona em 2003, depois que a Justiça Suíça alertou as autoridades brasileiras sobre a suspeita de contas bancárias mantidas clandestinamente naquele país. As investigações apontaram para uma organização criminosa que envolvia fiscais e auditores da receita estadual e federal em fraudes contra o fisco fluminense. Trinta e duas pessoas foram acusadas de participar do esquema que, segundo as investigações, movimentou mais de US$ 30 milhões.
Nulidade do julgamento, ilicitude de provas, cerceamento de defesa, inépcia da denúncia e prescrição punitiva estão entre os argumentos de defesa de 18 acusados. O recurso especial foi interposto contra decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2).
Prescrição
A denúncia foi recebida contra 24 acusados e rejeitada em relação a oito deles. Após a instrução criminal, houve uma absolvição e um desmembramento de processo. No julgamento desta terça-feira (2), foram apreciados 18 recursos.
A Turma reconheceu a extinção da punibilidade em relação a todos os crimes que tiveram a pena privativa de liberdade fixada em até quatro anos – corrupção fiscal, sonegação tributária e evasão de divisas. Nestes casos, não houve interposição de recurso do Ministério Público para a majoração das penas.
Quadrilha
Em relação ao crime de quadrilha, entretanto, embora as penas fixadas tenham sido inferiores a quatro anos, o relator entendeu que as penas relativas a este delito não foram alcançadas pela prescrição.
“A condenação por esse delito ocorreu apenas no julgamento da apelação, em 19 de setembro de 2007, marco interruptivo do prazo prescricional, nos termos do artigo 117, IV, do Código Penal. Assim, desde a condenação dos réus pelo delito de quadrilha até a presente data, não houve o transcurso do prazo prescricional de oito anos”, explicou o relator.
Por falta de proporcionalidade na fixação da pena, o relator e o ministro Sebastião Reis reduziam as penas para o crime de quadrilha, mas a Turma majoritariamente acompanhou o voto do desembargador convocado Ericson Maranho para mantê-las no mesmo patamar da condenação, salvo quanto à recorrente Marlene Rozen, a quem majoritariamente se reduziu a pena para um ano e seis meses de reclusão, com decorrente prescrição.
Lavagem de dinheiro
Em relação ao crime de lavagem de dinheiro, a Turma determinou a redução das penas, por falta de adequada fundamentação para o aumento fixado na condenação. As penas ficaram assim definidas:
Carlos Eduardo Pereira Ramos - 6 anos e 2 meses de reclusão, 61 dias-multa
Rodrigo Silveirinha Correa - 5 anos e 8 meses de reclusão e 56 dias-multa
Rômulo Gonçalves - 4 anos e 8 meses de reclusão e 46 dias-multa
Axel Ripoll Hamer - 5 anos e 6 meses de reclusão e 55 dias-multa 
Hélio Lucena Ramos da Silva - 4 anos e 6 meses de reclusão e 45 dias-multa
Heraldo da Silva Braga – 4 anos e 2 meses de reclusão
Com a redução das penas pelo crime de lavagem de dinheiro, o crime ficou prescrito para Amauri Franklin Nogueira Filho, Marcos Antônio Bonfim da Silva e Julio César Nogueira.
REsp 1170545

A Justiça e o Direito nos jornais deste sábado

A Justiça e o Direito nos jornais deste sábado



Lista extensa
Uma planilha apreendida no escritório do doleiro Alberto Youssef, que lista 747 obras de infraestrutura de 170 empresas, a maioria empreiteiras, é um dos principais indícios que levam o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, a suspeitar que o esquema criminoso que desviou recursos de obras da Petrobras alcança outros setores da administração pública. A lista é formada basicamente por empreiteiras citadas e investigadas na operação "lava jato" por obras com a Petrobras. Os projetos pertencem a setores como aeroportos, irrigação, energia, mineração, transporte e saneamento básico, a maioria feita com recursos federais e, em muitos casos, tocada por governos estaduais. As informações são do jornal O Globo.

Cartel de trens
O Ministério Público de São Paulo informou nesta sexta-feira (5/12) que entrou com uma ação contra supostas irregularidades em contratos de 2001 a 2002 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O órgão pede a anulação dos contratos e uma indenização por dano moral coletivo. No total, o órgão pede o ressarcimento de R$ 418 milhões para o estado. Além disso, o MP quer também a dissolução das 10 empresas envolvidas. Caso isso ocorra, as empresas teriam que fechar e não poderiam mais funcionar no Brasil. As informações são do portal G1.

Lavagem de dinheiro
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já produziu este ano mais de 3 mil relatórios sobre movimentações bancárias com indícios de lavagem de dinheiro no Brasil. O número faz de 2014 um ano recorde para o órgão desde a sua criação, em 1998, subordinado ao Ministério da Fazenda. No ano passado, o Coaf fez 2.450 relatórios. Em 2012, foram 2.140. Os dados foram apresentados pelo presidente do Coaf, Antonio Gustavo Rodrigues, durante o I Seminário Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, promovido pela Escola de Administração Pública e Negócios, no Rio de Janeiro. As informações são do jornal O Globo.

Notas fiscais
Após cinco ministros do Supremo Tribunal Federal terem sido favoráveis à liberação de notas fiscais de gastos do Senado para o jornal Folha de S.Paulona quarta passada (3/12), o presidente da corte, Ricardo Lewandowski, pediu mais tempo para analisar o processo e adiou o julgamento. O caso corre na Justiça desde 2009. A Folha tenta obter acesso a notas que justificam os gastos dos senadores com a chamada verba indenizatória, um recurso público para custear despesas relacionadas ao exercício do mandato.

Arguição de suspeição
Questionando a imparcialidade do juiz, os advogados de Eike Batista iniciaram nesta sexta-feira (5/12) um procedimento para tirar o juiz Flávio Roberto de Souza da ação envolvendo o empresário por crimes contra o mercado financeiro. Segundo os advogados de Eike o juiz concedeu entrevistas depois da primeira audiência do ação classificando o caso como "emblemático" e dizendo quantos anos de prisão Eike deveria cumprir se condenado, o que significaria que já "firmara convicção sobre a dosimetria da pena". As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Novo juiz
O advogado Marcelo Junqueira Ayres Filho tomou posse como novo juiz do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia nesta sexta-feira (5/12). Ele ocupa o lugar do então juiz Roberto Maynard Frank. O advogado, que tem 39 anos, formou-se em Direito pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), em 1999, e é pós-graduado em Direito Processual Civil. Além disso, desde 2013, é conselheiro do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA). As informações são do portal G1.

Governo de Roraima
O ministro Admar Gonzaga, do Tribunal Superior Eleitoral, determinou que o governador de Roraima, Francisco de Assis Rodrigues (PSB), fique no cargo até o julgamento do recurso apresentado pelo político contra a cassação do seu mandato pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR). Ele foi cassado pelo TRE-RR em 5 de novembro, sob o argumento de que houve "gastos ilícitos na campanha de 2010". As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Comissão da verdade
O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, afirmou que, embora a comissão, instalada oficialmente em 2012, tenha alcançado seus objetivos principais, ele sai frustrado com o fato de não se ter obtido das Forças Armadas o reconhecimento de suas responsabilidades nas violações ocorridas na ditadura. "Parece abstrato, mas se trata de algo relevante, porque gera um diagnóstico sobre como lidar com isso. É o melhor antídoto para que não volte a ocorrer." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Outro lado
O sentimento existente na cúpula das Forças Armadas, particularmente no Exército, às vésperas da divulgação do relatório da Comissão Nacional da Verdade, é de irritação e insatisfação. Os militares desqualificam o trabalho que está sendo feito, alegando que a comissão agiu de forma "unilateral", desprezando o "outro lado da história". Para os militares, a comissão funcionou como um "tribunal de exceção" que quer "empurrar goela abaixo dos brasileiros uma história que não é verdadeira porque só tem um lado". O relatório final da Comissão da Verdade deve ser entregue nesta quarta-feira (10/12). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ditadura militar
O governo federal lançou nesta sexta-feira (5/12) um portal na internet sobre o período da ditadura militar no Brasil, que vigorou entre 1964 e 1985. O site apresenta informações sobre a história do regime e dos movimentos de resistência, além de documentários, depoimentos e mapas. A página também traz uma área de apoio a professores, com planos de aula e material didático para tratar o tema em sala. As informações são do portalG1.

Citação proibida
A 28ª Vara Cível do Rio de Janeiro proibiu a equipe do programa humorístico “Pânico” de se aproximar de Luana Piovani. Também estão impedidos de citar o nome da atriz e exibir sua imagem, sob pena de pagar multa no valor de R$ 300 mil. Causa ganha pelo advogado Ricardo Brajterman. As informações são do colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo.

Revista
 Consultor Jurídico, 6 de dezembro de 2014, 11h04Topo da página

Obrigação de detector de metais para juízes e desembargadores foi destaque

Obrigação de detector de metais para juízes e desembargadores foi destaque


Agora a regra é igual para todos. Juízes, desembargadores, ministros e membros do Ministério Público devem passar por detectores de metais e por outras medidas de segurança em prédios do Judiciário. Essa foi a decisão do Conselho Nacional de Justiça ao analisar reclamação de advogados que questionavam a instalação do aparelho apenas nas entradas principais. Magistrados e promotores costumam usar acessos especiais. Os conselheiros avaliaram que, se o tribunal decidir colocar detectores para melhorar a segurança, deve colocá-los em todas as entradas. Clique aqui para ler a notícia.
Novo ministro
O vice-procurador-geral Eleitoral, Eugênio Aragão, é quem lidera a bolsa de apostas para ocupar a vaga do ministro Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. A presidente Dilma Rousseff tem procurado candidatos com perfil técnico e discreto, pois considera a indicação do ministro Teori Zavascki um grande acerto. O ministro Benedito Gonçalves, do STJ, também é um dos nomes levados a sério pelo Planalto. Clique aqui para ler a notícia.
Situação carcerária
O Supremo Tribunal Federal começou a julgar esta semana se o Estado deve indenizar presos mantidos em condições desumanas. O relator, ministro Teori Zavaski, entendeu que sim. Segundo voto lido na quarta-feira (3/12), O Poder Público tem o dever de manter presos em condições carcerárias “com mínimos padrões de humanidade estabelecidos em lei” e ressarcir eventuais danos, pois “não há dúvida de que o Estado é responsável pela guarda e segurança das pessoas submetidas a encarceramento”. Clique aqui para ler a notícia.

ESPECIAIS
Entrevista da semana

A reforma tributária não é tão urgente no país quanto a reformulação do Judiciário para reduzir o tempo de andamento de processos, avalia o tributarista Hamilton Dias de Souza. “Um direito que o Supremo Tribunal Federal demora 20 anos para declarar é só uma réstia de direito”, diz o advogado. Ele aponta que a morosidade traz insegurança jurídica: “a União faz o que bem entende por medida provisória e o Congresso aprova. Alguém questiona e o caso vai parar no Judiciário. Mas, se for inconstitucional, o Judiciário decide depois de 24 anos!”, critica. Clique aqui para ler a entrevista.
Coluna da semana
Em meio à série de denúncias ligadas à operação “lava jato”, os professores Aury Lopes Jr e Alexandre Morais da Rosa apontam o protagonismo do juiz do caso, proporcional ao da Polícia Federal. “Onde está o Ministério Público? Interessante essa inversão de valores e de papéis.” Sem discutir o perfil específico do juiz responsável pelos processos, os autores questionam se há espaço para contraditório quando quem avalia a legalidade da prova é a mesma pessoa que a autorizou. Clique aqui para ler a coluna.
Artigo da semana
O professor Gustavo Filipe Barbosa Garcia comenta uma nova norma aprovada pelo STF. Segundo a Súmula Vinculante 37, “não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia”. Clique aqui para ler o artigo.

Audiência
Medição do Google Analytics aponta que a ConJur recebeu 530,46 mil visitas e teve 924 mil visualizações de página entre os dias 28 de novembro e 4 de dezembro. A terça-feira (2/12) foi o dia com mais acessos, quando o site recebeu 91,5 mil visitas.
O texto mais lido, com 9,4 mil visualizações, foi a notícia de que o vice-procurador-geral Eleitoral, Eugênio Aragão, aparece como favorito na corrida pela vaga do ministro Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. Ele se enquadra em perfil buscado pela presidente Dilma Rousseff (PT): discreto, técnico e bem relacionado em todos os círculos do Poder. O nome do escolhido deve ser divulgado na próxima semana. Clique aqui para ler a notícia.
Com 8,6 mil leituras, ocupa o segundo lugar no ranking a notícia sobre decisão da Justiça Federal no Rio de Janeiro que permitiu transfusão de sangue em um paciente testemunha de Jeová, mesmo depois de ele recusar por motivos religiosos. Conforme a 26ª Vara Federal fluminense, o direito à vida se sobrepõe à garantia dada pela Constituição Federal à liberdade de credo religioso. Assim, os médicos não poderão ser responsabilizados por descumprir o desejo do paciente. Clique aqui para ler a notícia.


Manchetes da Semana
Luiz Fernando Carvalho é eleito presidente do Tribunal de Justiça do Rio
Luiz Fux permite reeleição para presidente do TJ-RJ
Mulher terá de pagar R$ 20 mil por fraudar documentos para pedir Justiça Gratuita
CNJ não tem competência para interferir em decisão política de tribunais
STF suspende liminar que mantinha aposentadoria com adicional acumulado
Juízes e MP também devem passar por detector de metais nos tribunais
Semana de conciliação promovida pelo CNJ movimenta R$ 1,4 bilhão
Europa pode exigir que sites do mundo inteiro cumpram direito ao esquecimento
"A tributação injusta agride um direito individual sério como a liberdade"
Professores criticam parecer do MPF sobre prisões preventivas na "lava jato"
Condenação a crime de colarinho branco cresceu 638% em 12 anos, segundo pesquisa
Veja não deve indenizar Fernando Collor por reportagem sobre o impeachment
 é repórter da revista Consultor Jurídico.Topo da página

Revista Consultor Jurídico, 6 de dezembro de 2014, 12h51

STF - Mantido fornecimento de remédio para paciente com doença rara


STF - Mantido fornecimento de remédio para paciente com doença rara




O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, indeferiu a Suspensão de Tutela Antecipada (STA) 761, ajuizada pelo Município de São Paulo contra decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que determinou o fornecimento de medicamentos indispensáveis para o tratamento de doença genética rara.

O juízo da 16ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal havia determinado que a União, o Estado de São Paulo e o município fornecessem o medicamento Soliris, cuja substância ativa é o eculizumab, para tratamento da doença chamada hemoglobinúria paroxística noturna (HPN). O TRF-1 manteve a decisão.

A prefeitura paulistana alegou que se trata de um remédio importado, de alto custo (o tratamento anual para um indivíduo seria de US$ 409,5 mil, o equivalente hoje a R$ 1 milhão), não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e deve ser administrado de forma vitalícia.

O município argumentou ainda que no Sistema Único de Saúde (SUS) existem alternativas de tratamento para a doença, como o transplante de células tronco hematopoiéticas, os imunossupressores, os androgênios, as transfusões sanguíneas, a reposição de ferro e ácido fólico e a anticoagulação. Por essas razões, considerou que o fornecimento do remédio traz “graves lesões à economia, à saúde e à ordem públicas”.

Decisão

O presidente do STF apontou que, no julgamento de casos análogos (Suspensões de Liminar 558 e 633, entre outros processos), o Supremo decidiu que deveria ser mantido o fornecimento do remédio Soliris para portadores da hemoglobinúria paroxística noturna, “possibilitando que essas pessoas tenham uma vida minimamente digna”.

O ministro Lewandowski citou ainda trecho do parecer do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, destacando que “a permanência da doença sem o devido tratamento medicamentoso pode desencadear outras enfermidades, como anemia, trombose, insuficiência renal crônica, hipertensão pulmonar, insuficiência hepática e acidente vascular cerebral, havendo, por conseguinte, alto risco de letalidade”. Janot aponta também que o paciente não responde a terapias alternativas e o município não apresentou opção diversa que se adequasse melhor ao corte de custos que subsidiaria à alegada ofensa à ordem pública.
Segundo o presidente do STF, documentos dos autos demonstram que o paciente realmente necessita da medicação, tendo em vista o alto risco de agravamento da doença e a possibilidade de ocorrência de trombose e de que outros órgãos vitais sejam atingidos.
“Dessa forma, a manutenção da decisão atacada mostra-se imperiosa para preservar a vida do requerido, somando-se a isso o fato inexistir nos autos comprovação da alegada lesão e indisponibilidade financeira do Estado, que o impediria de importar e fornecer o medicamento – motivos pelos quais não entendo cabível o pedido de suspensão”, concluiu o ministro Ricardo Lewandowski.

Processos relacionados: STA 761

Fonte: Supremo Tribunal Federal

Procuradores da "lava jato" estão preocupados com nulidades processuais

Procuradores da "lava jato" estão preocupados com nulidades processuais


A atitude se baseia na experiência. Não são poucos os exemplos de ações penais que correram durante anos e foram derrubadas por conta de ilegalidades cometidas durante as investigações.
O mais célebre é o da operação satiagraha, anulada pelo STJ porque o delegado responsável pelas investigações convocou, de maneira secreta e ilegal, agentes da Abin, a Agência Brasileira de Intelgência, para ajudar nas interceptações telefônicas. Hoje, o Supremo Tribunal Federal investiga se a operação não foi financiada por empresas privadas.
Mas há inúmeras operações. Para citar algumas, houve a sundown, a castelo de areia, suíça, boi barrica e chacal. Em comum o fato de elas terem à frente um juiz voluntarioso.
Precaução
No caso da “lava jato”, os procuradores estão agindo de antemão para evitar que a operação dê em nada. Uma das manifestações, já em segundo grau, deixa evidente a preocupação do MP. É de quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região mandou o juiz federal Sergio Fernando Moro, responsável pela operação, parar de intimar os réus por telefone.
Moro decidiu usar o telefone para avisar das audiências por considerar o método mais rápidos e menos burocrático do que a citação por edital, ou pelo correio. O procurador Manoel Pastana, que atua no caso em segunda instância, até concorda com o juiz, mas alerta que, “por maior que seja a vantagem” e “ainda que em benefício dos réus presos”, “a providência inovadora não tem amparo legal”, como escreveu em parecer.
“As regras legais não podem ser postergadas, mesmo que a pretexto de imprimir celeridade processual. Assim, faz-se necessário cumprir as regras do processo eletrônico”, escreveu no parecer. Ele mesmo reconhece que, caso o TRF-4 autorizasse as intimações por telefone, é quase certo que o STJ as cassaria. E a consequência poderia ser a anulação da validade de uma das delações premiadas, por exemplo.
Prisão preventiva
As prisões preventivas de executivos das empreiteiras OAS, UTC Engenharia e Engevix resultaram em alguns incidentes em que o MP interferiu para que a operação não caísse por terra.
Os advogados dos executivos impetraram Habeas Corpus alegando que as ordens de prisão foram baseadas apenas no conteúdo das delações premiadas, e que as prisões preventivas estão sendo usadas como forma de coação dos réus a colaborar com as investigações.
Nos pareceres em que defendeu as prisões preventivas, Pastana sustentou que havia nas ordens de prisão todos os elementos do artigo 312 do Código de Processo Penal, que trata das condições para a detenção preventiva.
Uma dessas condições, escreveu o procurador, é a “conveniência da instrução criminal”. E dentro dessa conveniência estaria a “possibilidade de a segregação influenciá-los na vontade de colaborar com a apuração de responsabilidade”, conforme mostrou reportagem da ConJur.
A repercussão do parecer foi imediata e extremamente negativa. Advogados reclamaram de que se estava fazendo “tábula rasa do direito ao silêncio”. Professores de processo penal alertaram para a volta ao tempo das masmorras.
E no dia seguinte, o procurador Pastana enviou uma petição de esclarecimento ao TRF dizendo que jamais defenderia a prisão para “forçar os réus a confessar”, como disse a ConJur.
“O que sustento no parecer é a prisão preventiva como forma de corroborar com a delação premiada”, afirmou. “Pelo menos enquanto a Constituição Federal prever o silêncio como direito do acusado, jamais faria sustentação nesse sentido, pois caso a tese fosse acolhida pelo tribunal, fatalmente resultaria em nulidade do processo, sendo que  me preocupo com a higidez dos feitos.”
Delação premiada
Uma das discussões de direito mais importantes trazidas pela “lava jato” é a da delação premiada. Deve ser a primeira vez que ela é usada de forma tão ampla e é encarada como tão essencial.
A ponto de o MP propor acordo com “um criminoso profissional, voltado à prática de múltiplas ações criminosas, com capacidade, inclusive, de cooptar e envolver outras pessoas para alcançar seu desiderato”. Pelo menos é assim que o MP descreve Alberto Youssef, um dos acusados na "lava jato" que aceitou fazer a delação premiada em troca de atenuantes em sua pena.
O que se discute aí é se os demais réus têm direito ou não a ler a íntegra das delações. A jurisprudência do Supremo é de que acordos de colaboração tramitam sob sigilo e só o juiz do caso, o delegado de polícia e  Ministério Público podem ter acesso. O ministro Teori Zavascki, relator do braço da “lava jato” que está no STF, já afirmou que o que é dito em delações premiadas  “não é propriamente meio de prova”.
Só que os advogados alegam que as delações têm sido usadas como justificativa para a decretação das prisões preventivas. E por isso pediam acesso ao teor delas. O Ministério Público, mais uma vez para evitar que a discussão jurídica resulte em nulidade da ação penal, opinou que o Judiciário deve dar à defesa o acesso ao teor das delações.
Condições do acordo
Outra discussão jurídica da “lava jato” é a questão do foro em que os fatos devem ser investigados. Os advogados afirmam que o caso deve subir para o Supremo, já que parlamentares estão sendo apontados como envolvidos. Mas o juiz federal Sergio Moro diz que apenas empresários estão sendo investigados por lavagem de dinheiro e crimes licitatórios.
A questão é tão sensível que nos termos de homologação dos acordos de delação, uma das exigências do MP é que o réu desista “do exercício de defesa processuais, inclusive de discussões sobre competência e nulidades”. Moro, no entanto, não homologou essa cláusula, sob pena de se entender que o acordo viola o princípio constitucional do pleno acesso à Justiça.
O problema do foro
Sergio Moro já teve de se explicar ao Supremo diante da acusação, feita pelo advogado Fabio Tofic Simantob, de que ele estava orientando os investigados a não revelar nomes de envolvidos que tenham prerrogativa de foro por função. Moro chamou a acusação de “fantasiosa”, mas, nasinformações prestadas ao STF, não negou a prática.
O juiz disse que seguiu o que ficou decidido, pelo STF, em questão de ordem da Ação Penal 871, e que “a orientação realizada por este julgador para que os depoentes não indicassem, em audiência, o nome de agentes políticos” não visou esconder a possível ocorrência de crimes de corrupção, “mas preservar a autoridade da decisão da Suprema Corte que decretou sigilo sobre este conteúdo específico da colaboração premiada de Paulo Roberto Costa”.
A questão de ordem que ele cita, entretanto, diz que é o Supremo quem decide o que deve ser enviado à primeira instância ou não nos casos em que há réus com prerrogativa de foro. Isso porque foi Moro quem separou a parte das apurações que falava em parlamentares e as enviou ao STF.
Histórico
O que esses fatos demonstram, na verdade, é que os procuradores estão tentando evitar ter de defender ilegalidades daqui a alguns anos, quando o caso chegar ao STJ.
A primeira dessas megaoperações que sinalizou que nem tudo se pode em nome do combate ao mal é a sundown.  A acusação era de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro. A denúncia do MPF falava em mais de US$ 30 milhões evadidos.
Pois a ação penal foi trancada e arquivada pela 6ª Turma do STJ porque os telefones dos acusados foram grampeados sem justificativa e as interceptações duraram mais de dois anos. Foi a primeira vez que o STJ aplicou a chamada teoria dos frutos da árvore envenenada: se as provas foram colhidas de forma ilegal, não podem ser usadas para instruir um processo criminal.
O mesmo aconteceu com outras operações. Na castelo de areia, as provas eram gravações telefônicas autorizadas com base apenas em denúncias anônimas, e a jurisprudência do STJ afirma que, nesses casos, os gampos só podem ser feitos depois de diligência. Dois anos depois, a operação suíçateve o mesmo destino, pelo mesmo motivo.
No caso da operação boi barrica, houve falta de motivação para a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de Fernando Sarney, filho do ex-presidente da República e senador José Sarney. Naquela ocasião, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) avisou a PF e a Receita Federal de uma movimentação de R$ 2 milhões na conta de Fernando Sarney.
O Ministério Público Federal usou essa informação para basear o pedido de quebra de sigilo, concedido pelo Judiciário. Foi a primeira movimentação da investigação. Só que o Coaf, por lei, é obrigado a informar os órgãos de controle federais sobre qualquer movimentação financeira acima de R$ 100 mil. E na notificação de Fernando Sarney, o aviso era de que o trâmite do dinheiro, por si só, não queria dizer nada, mas eram necessárias diligências para saber de sua origem.
Árvore envenenada
A questão foi definida pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro,  ou Kakay, em um artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo em outubro de 2011. Ali ele diz que a sociedade "regozija-se" quando vê um rico, ou poderoso, ser processado criminalmente. "As pessoas são tomadas por um frenesi íntimo indizível e inconfessável."
Foi Kakay quem levou a teoria dos frutos da árvore envenenada ao STJ no caso da operação sundown. E a operação nasceu em Curitiba, mesmo foro onde corre a "lava jato" e onde trabalha Sergio Moro.
E no artigo Kakay resume: "Quando a PF e o MP praticam abusos, acatados por juízes voluntariosos, ocorre muito mais do que uma injustiça contra o cidadão investigado; há grave ofensa à credibilidade dos tribunais, pois se passa a impressão de que são temperantes e protetores dos poderosos, quando, na verdade, estão fazendo cumprir a Constituição".

Projeto do auto de resistência está pronto para ser votado na Câmara

Projeto do auto de resistência está pronto para ser votado na Câmara

Está pronto para ser votado pelo Plenário da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (4471/12) que cria regras rigorosas para a apuração de mortes e lesões corporais decorrentes da ação de agentes do Estado, como policiais. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, marcou reunião para a próxima terça-feira (10) para negociar a votação da proposta.
Segurança pública - geral - Henrique Alves recebe abaixo-assinado com mais de 30 mil assinaturas a favor do projeto do auto de resistência
Integrantes do movimento negro entregam a Alves abaixo-assinado com mais de 30 mil assinaturas pedindo a votação da proposta.
O projeto acaba com a possibilidade de as lesões e mortes decorrentes das ações policiais serem justificadas por meio do auto de resistência. Atualmente, no caso de resistência à prisão, o Código de Processo Penal (Decreto-Lei 3.689/41) autoriza o uso de quaisquer meios necessários para que o policial se defenda ou vença a resistência. E determina que seja feito um auto, assinado por duas testemunhas. É o chamado auto de resistência.
Pelo projeto, sempre que a ação resultar em lesão corporal ou morte, deverá ser instaurado um inquérito para apurar o fato, e o autor poderá ser preso em flagrante.
Segundo um dos autores da proposta, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), muitos policiais têm matado hoje sem que de fato tenha havido confronto ou reação por parte do suspeito. E, de forma geral, esses crimes não são investigados. Conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a polícia brasileira hoje mata em média seis pessoas por dia.
“O que nós queremos é investigar. Porque um estudo mostrou recentemente que 60% das mortes registradas como autos de resistência foram eliminações, não houve resistência. Foram tiros na nuca, nas costas, na cabeça, por trás. Ou seja, a pessoa não tinha arma”, denuncia Teixeira.
Mas, o deputado João Campos (PSDB-GO) - que também é delegado da Polícia Civil - acredita que o projeto cria regras que podem inibir a atuação policial. “Há uma outra lógica por trás disso, de você criar mecanismos que amarram e amedrontam o policial. Ora, nós já temos uma criminalidade agigantada no Brasil e os dados da violência contra o policial são significativos. O anuário da segurança pública demonstrou que, em 2013, 490 policiais morreram na operacionalidade no Brasil”, calcula o parlamentar.
Para João Campos, hoje já existe controle sobre a atividade policial no País. Ele cita o controle interno, pelas corregedorias e ouvidorias; e o controle externo, pelo Ministério Público e as defensorias, por exemplo.
Participação popular
O auto de resistência é tema de uma enquete promovida pela Câmara. Até agora, mais de 8,3 mil pessoas já deram sua opinião sobre a proposta: 66% são contra o projeto e 33%, a favor.


Íntegra da proposta:

Reportagem - Lara Haje
Edição - Natalia Doederlein

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'

Dilma quer entrar em 2015 com equipe de governo definida, diz fonte

Dilma quer entrar em 2015 com equipe de governo definida, diz fonte

Por Luciana Otoni
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff pretende trabalhar nos próximos dias para definir sua equipe ministerial do segundo mandato com o objetivo de ter os nomes do primeiro escalão até sua posse, em 1º de janeiro, disse à Reuters uma fonte do governo que acompanha a montagem da nova equipe.
"A presidente não quer entrar em 2015 com indefinição. Ela quer ter todos os ministros do segundo mandato em condições de trabalho em janeiro para dar sinais de previsibilidade nas principais áreas", disse a fonte, que falou na condição de anonimato.
A avaliação dentro do Palácio do Planalto é que a economia está parada pela falta de confiança dos agentes econômicos na recuperação do país e com o noticiário negativo com o escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras. Neste cenário, a definição da nova equipe ministerial poderia transmitir a mensagem de que o governo está pronto iniciar 2015 agindo, sem pendências com definição de equipe.
A avaliação no Palácio do Planalto, contudo, é que os prazos estão ficando apertados. A conclusão da votação do projeto de lei que elimina a meta de superávit primário de 2014 é tida como certa. Mas há, por outro lado, todo um trabalho a ser feito para a votação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015 e que essas duas matérias tendem a consumir o restante do ano legislativo.
Com esse quadro, já não está mais certo o lançamento ainda este ano de um pacote de medidas de corte de gasto. Segundo a fonte, o governo considera que não faz sentido lançar um importante conjunto de medidas de redução do gastos no encerramento do ano, com as medidas carimbadas como "pacotaço de Natal". A fonte informou, contudo, que a decisão sobre esta questão depende também dos novos ministros da área econômica.
No front político, a tendência é de permanência dos seguintes ministros: Arthur Chioro (Saúde), Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Ministério da Justiça) Ricardo Berzoini (Secretaria de Relações Institucionais), Guilherme Afif Domingos (Ministério da Micro e Pequena Empresa), Luiz Alberto Figueiredo (Ministério das Relações Exteriores) e Moreira Franco (Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República).
Até o momento foram indicados Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa para o Ministério do Planejamento e Armando Monteiro Neto para o Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Alexandre Tombini foi confirmado no cargo e continuará à frente do Banco Central. A nova equipe já sinalizou uma condução mais ortodoxa da política econômica, em um discurso que agradou ao mercado.
Segundo a fonte, o primeiro escalão contará com Jaques Wagner e também com Gilberto Kassab, que deve ficar com pasta ligada à infraestrutura.
Na montagem do novo ministério, a presidente também considera, de acordo com a fonte, os peemedebistas Eunício Oliveira, Henrique Eduardo Alves, Eliseu Padilha e Kátia Abreu.
Entre os bancos públicos, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli continua entre os cotados para a presidência do Banco do Brasil. Para a Caixa Econômica Federal, a indicação, conforme a fonte, é que Jorge Hereda continuará no comando. A situação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda não está definida.
O atual secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, vem sendo cotado para chefiar Itaipu, cargo distante da Esplanada dos Ministérios.

Os treze anos da reforma psiquiátrica


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Relatório final da CPI Mista da Petrobras será divulgado na quarta-feira

Relatório final da CPI Mista da Petrobras será divulgado na quarta-feira

Da Redação | 05/12/2014, 16h32 - ATUALIZADO EM 05/12/2014, 16h55  


A CPI Mista da Petrobras agendou para quarta-feira (10), às 14h30, a apresentação do relatório final. O documento deverá tratar dos quatro eixos de investigação: a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos; denúncias de pagamento de propina a funcionários da Petrobras; falta de segurança nas plataformas; e superfaturamento na construção de refinarias. O conteúdo das delações premiadas de investigados pela Operação Lava Jato não fará parte das conclusões derradeiras da comissão.
O relator interino da CPI, deputado Afonso Florence (PT-BA), disse ser impossível dimensionar o prejuízo resultante da falta dessa documentação, que a CPI não pôde consultar. Ele lembrou que, apesar de uma série de tentativas, o Supremo Tribunal Federal não compartilhou esses depoimentos.
— Nós não podemos antecipar se o relatório ficará incompleto porque nós não sabemos o conteúdo da delação premiada. A delação premiada diz respeito à corrupção em cartel não só na Petrobras, mas também à lavagem de dinheiro em outros espaços da economia brasileira — afirma Florence.
O relator interino da CPI mista assegura, no entanto, que a comissão conta com material suficiente para produzir um relatório final consistente. Florence ressaltou que o Congresso tem responsabilidade com a Petrobras, com os ativos da empresa, acionistas e com a opinião pública. Ele lembrou ainda que há possibilidade de uma nova CPI da Petrobras ser instalada no ano que vem.
— Outra legislatura se debruçará sobre as evidências dos resultados da Operação Lava Jato e, se for oportuna uma nova CPI, ela será obviamente instalada. Nós precisamos, com os dados disponíveis, fechar um relatório sobre a Petrobras e anunciar para a opinião pública providências de saneamento dos ilícitos que porventura tenham sido comprovados.
O deputado do PT baiano ainda não sabe se caberá a ele a tarefa de apresentar o relatório final, ou se o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS) estará apto a fazê-lo. Marco Maia sofreu um acidente de motocicleta e está afastado das atividades da CPI Mista da Petrobras.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Governo aguentou obstrução até as 5 da manhã, mas não concluiu votação

Governo aguentou obstrução até as 5 da manhã, mas não concluiu votação

Houve momentos de discussão intensa na sessão do Congresso que analisou o PLN 36. O clima esquentou quando o candidato derrotado à presidência, Aécio Neves, acusou o governo de comprar apoio parlamentar da base.
O governo se esforçou para vencer a obstrução dos oposicionistas que levou até as 5 da manhã a sessão do Congresso Nacional que discutiu a mudança no cálculo do superavit (PLN 36/14). No entanto, o Plenário esvaziou e faltou quórum para votação da última emenda ao projeto. Foram quase 19 horas ininterruptas de sessão.
O líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), disse que o governo saiu vitorioso mesmo sem liquidar a questão. "Nós nadamos, nadamos e chegamos ao nosso objetivo. Falta a votação de um único destaque que facilmente vamos fazer na terça-feira", disse.
O líder da Minoria, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), prometeu obstrução ferrenha, mas reconheceu que dificilmente a oposição conseguirá prolongar a votação na semana que vem. "Estamos numa missão de resistência para alertar o povo brasileiro e agora ganhamos o final de semana para continuar a oposição a essa mudança", afirmou.
A sessão iniciou-se às 10h20 da quarta, mas o texto-base da alteração da meta só foi aprovado às 3h45 de quinta-feira. Nesse período, foi necessário votar dois vetos pouco polêmicos – processo iniciado à 13 horas, mas que só foi encerrado às 18 horas – e ainda um projeto que liberou R$ 240 milhões para garantir pagamentos de benefícios do fundo Aerus.
Houve momentos de discussão intensa, intervalos de calmaria e momentos de descontração entre os parlamentares. O clima esquentou quando o candidato derrotado à presidência, senador Aécio Neves (PSDB-MG), acusou o governo de comprar apoio parlamentar da base com um decreto que vincula a liberação de emendas parlamentares à aprovação da mudança na meta. “Os senhores que votarem a favor desta mudança valem R$ 748 mil. Esta é uma violência jamais vista nesta Casa", disse Aécio.
Acusação
Esse é o valor destinado ao decreto para as emendas de cada parlamentar, num total de R$ 444,76 milhões. As emendas contemplam obras e serviços em municípios indicados por deputados e senadores.
As críticas de Aécio foram rebatidas por Henrique Fontana. Ele explicou que o governo foi obrigado a editar o decreto porque a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano obriga o pagamento de todas as emendas, inaugurando o orçamento impositivo das emendas.
"Esse descontingenciamento é obrigatório, fruto de um orçamento impositivo aprovado por este Plenário, mas tenta-se dar uma conotação absolutamente inaceitável", afirmou.
Galerias fechadas
A oposição também elevou o tom contra o presidente do Congresso, Renan Calheiros, que decidiu barrar a entrada de manifestantes depois do tumulto da sessão da terça-feira. Isso não impediu que os populares protestassem na entrada do prédio, fazendo apitaço e gritando palavras de ordem contra o governo.
Muitos dos manifestantes são vinculados ao movimento Revoltados On Line e vieram de ônibus de São Paulo. Um dos líderes, Marcello Reis, disse que eles são contrários à aprovação do PLN 36 porque, segundo ele, “nós é que vamos pagar a conta”. Governistas denunciaram vinculação partidária do movimento. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) disse que já teve problemas com o grupo, e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) exigiu a identificação dos populares que a teriam xingado na sessão de terça.
Descontração
Mesmo com o intenso embate entre governo e oposição, houve momentos de descontração na sessão. O líder da Minoria no Congresso, deputado Ronaldo Caiado (GO), por exemplo, comentou a rouquidão diante de tantas horas de embate político. “O PT está feliz, minha voz está acabando”, ironizou. A líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), disse que o deputado passaria a se chamar “Ronaldo Calado”.
A farofa oferecida pelo deputado Fábio Ramalho (PV-MG) para aplacar a fome dos parlamentares às 4 horas da manhã também alegrou o clima da sessão. A refeição foi servida pelo vice-líder do PT deputado Sibá Machado (AC) no cafezinho do Plenário. Fábio Ramalho também garantiu a alimentação dos deputados durante a votação da MP dos Portos, em maio de 2013, quando a Câmara passou quase 40 horas reunidas em duas noites seguidas.


Íntegra da proposta:

Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli

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Escassez de água pode afetar 55% dos municípios em 2015, diz ANA

Escassez de água pode afetar 55% dos municípios em 2015, diz ANA

Não só em São Paulo a situação das águas é crítica, mas também em outras bacias do País. Dados da Agência de Águas indicam que 55% dos municípios brasileiros podem sofrer deficit de abastecimento até 2015. Representantes de organizações e do governo apontaram para a necessidade de um plano de segurança hídrica.
Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a crise de água no Brasil. Presidente da CMADS, dep. Sarney Filho (PV-MA) e especialista em gestão de Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Instituto Socioambiental (ISA), Marussia Whately
Sarney Filho pretende trabalhar pela criação de um comitê de crise hídrica na Câmara dos Deputados.
Apesar de o problema da crise hídrica ser mais evidente em São Paulo, dados da Agência Nacional de Águas (ANA) indicam que 55% dos municípios brasileiros podem sofrer deficit de abastecimento até 2015. O alerta foi feito nesta quinta-feira (4), em audiência sobre a crise da água no Brasil, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. Os participantes chamaram atenção para outras bacias do País, como a do São Francisco.

De acordo com a ANA, o Brasil já está trabalhando em um plano nacional de segurança hídrica. O documento está sendo elaborado pela Agência de Águas e pelo Ministério da Integração Nacional a partir de conversas com os estados e deverá ficar pronto entre 2015 e 2016.

A expectativa do superintendente da ANA Joaquim Guedes Corrêa Gondim Filho é que as ações comecem ser implementadas ainda no decorrer do processo, à medida que os problemas forem sendo identificados.

O deputado Sarney Filho (PV-MA), que solicitou o debate, anunciou que vai trabalhar pela criação, na Câmara dos Deputados, de um comitê de crise hídrica. Ele pretende retomar o assunto no início da próxima legislatura, em fevereiro. "É preciso que se tomem medidas urgentes, porque sem água não tem como viver", afirmou o deputado.
São Paulo
No caso dos problemas de abastecimento de água em São Paulo, situação mais comentada no debate, a percepção dos especialistas é que a crise pode ficar ainda pior se não chover nos próximos meses. E o problema será agravado se o estado não contar com um plano de contingência dos recursos hídricos.
“Se o período chuvoso deste ano se configurar como o do ano passado, essa água não será suficiente para o ano que vem. Independentemente de chover mais ou menos, nós estamos em uma situação bastante crítica”, observou a especialista em gestão de Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Instituto Socioambiental (ISA), Marussia Whately.
Segundo ela, os sistemas que produzem água para a região metropolitana de São Paulo, como o Cantareira, encontram-se com níveis de armazenamento muito baixos. "O Cantareira está hoje em torno de 8%, isso já considerando duas cotas do volume morto. Ou seja, ele está em um volume negativo, algo em torno de 20% negativo”, complementou a especialista.
A coordenadora do Programa Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Maria Luísa Ribeiro, relatou que, em Itu, as pessoas ficaram de fevereiro até agora com racionamento de 100%, "sem nenhuma água na torneira, vivendo uma realidade de caminhões-pipa com água sabe-se lá de onde”.
Sarney Filho lamentou a ausência de representantes do governo de São Paulo na reunião.
Oferta e demanda
Especialistas apontaram a política de gestão dos recursos hídricos como um dis principais problemas no processo. Como observou Marussia Whately, a gestão hoje se baseia na oferta de água, sem o devido cuidado com mananciais. Além disso, é preciso lidar com a falta de chuvas e de transparência no sistema. "Enquanto isso, o Brasil vem aumentando o consumo e isso é uma tendência que deve ser levada em consideração", observou Marussia.
À demanda crescente os governos respondem de uma forma: com a tentativa de aumentar a oferta. "Tenta-se resolver o problema com o aumento da oferta, sempre procurando novas fontes, mas isso tem limitações. Hoje a questão que se coloca é que, antes de procurar novas fontes, você atue na gestão da demanda, no controle de perdas, nessas ações mais fáceis e mais baratas", defendeu Joaquim Gondim Filho.
Maria Luísa Ribeiro pediu aos parlamentares que coloquem a água em uma agenda estratégica. Ela defendeu ações integradas entre os estados e mais voz para os comitês de bacias hidrográficas e chamou a atenção para a necessidade de combater o desmatamento, que tem forte influência nas secas.


Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Rachel Librelon

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