Apresentação

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Criminalistas ficam órfãos com a morte de Márcio Thomaz Bastos

Criminalistas ficam órfãos com a morte de Márcio Thomaz Bastos

marcio thomaz bastos [Reprodução] A advocacia criminalista ficou órfã na manhã desta quinta-feira (20/11) com a morte do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos. O sentimento foi externado por advogados que foram companheiros de Bastos. A Ordem dos Advogados do Brasil decretou luto oficial de sete dias. O ex-ministro morreu[1] em São Paulo, aos 79 anos. Ele estava internado desde terça-feira (18/11) para tratar de problemas do pulmão no hospital Sírio-Libanês.
A advogada Maíra Beauchamp Salomi, que atua no Márcio Thomaz Bastos Advogados, afirmou que Bastos era apaixonado pelo seu trabalho.“Tive o privilégio de estar ao lado dele todos os dias nos últimos anos. Mais que um excelente criminalista apaixonado pelas causas em que atuava era uma pessoa especial, um verdadeiro sábio. Sempre sereno, dócil, calmo, tinha as palavras certas para cada momento. Trabalhar com ele era um prazer, um aprendizado de vida. Deixa um vazio imenso. Hoje, nós criminalistas somos todos órfãos”, disse.
O criminalista Pierpaolo Cruz Bottini, também lamentou o ocorrido. “A comunidade jurídica ainda está em profundo pesar, perdemos sem dúvida o maior e melhor advogado do país, um homem público de indiscutível talento. E mais do que tudo, perdemos um grande amigo. A advocacia está órfã hoje”.
Um pai
Alberto Zacharias Toron, hoje um dos grandes criminalistas do país, um dia já foi estagiário. E do escritório de Márcio Thomaz Bastos, justamente na época em que o ex-ministro da Justiça começava a ser reconhecido como o grande advogado que sempre foi. "Perdi um pai", lamenta. Toron lembra que foi Bastos quem o convenceu a ser advogado, e não sociólogo. Mas não foi com conselhos, e sim mostrando a realidade fascinante da advocacia criminal.
Em outra oportunidade, Toron contou[2] à ConJur que a faculdade de Ciências Sociais era sua "grande paixão, que chegou a se tornar um relacionamento sério". Foi Márcio Thomaz Bastos quem o convenceu a cortar o cabelo e vestir um terno, já que a defesa dos fracos não tem nada a ver com aparência. Toron ficava orgulhoso de ser apresentado pelo ex-chefe como "colega de escritório", e muito por isso foi ficando no Direito.
Alberto Toron foi estagiário de Márcio Thomaz Bastos durante a faculdade e depois de formado ficou por mais quatro anos no escritório. Nesse meio tempo, foi Bastos quem emprestou o dinheiro para que o ex-estagiário comprasse sua primeira moto. "Perdi um pai. Pelas mãos dele dei meus primeiros passos na advocacia. Mais que um homem inteligente, conheci um ser humano generoso, gentil e amável. Nunca deixou de defender um réu pobre e sempre atendeu os que o procuravam. Penso que uma geração fica desamparada sem ele, me sinto um órfão.”
Legado como ministro
A presidente Dilma Rousseff publicou nota lamentando a perda de um amigo e de um defensor intransigente do direito de defesa. A presidente destacou ainda a atuação de Bastos no cargo de ministro da Justiça. “Foi responsável por avanços institucionais, como a reestruturação que ampliou autonomia à Polícia Federal, a aprovação da emenda constitucional da reforma do Poder Judiciário e o Estatuto do Desarmamento. Quem teve o privilégio de conviver com ele, como eu tive, conheceu também um amigo espirituoso, de caráter e lealdade ímpares”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também registrou o legado deixado por Bastos. "O Brasil perde hoje não penas um de seus melhores advogados criminalistas, mas um dos homens que mais lutou pela democracia e pelo estado de direito em nosso país. Em particular, nós perdemos um amigo. Márcio Thomaz Bastos foi um corajoso defensor da lei e um advogado apaixonado pela ideia de um Brasil melhor. Foi um homem raro e que muito contribuiu para mudar a história do país. Sua atuação como ministro foi fundamental para o combate ao crime e a garantia do cumprimento da Lei"
Amigo de Bastos há mais de 35 anos, o vice-presidente da República, Michel Temer, usou seu twitter para demonstrar sua tristeza.“Trabalhamos juntos em muitas oportunidades, estivemos juntos nas causas da advocacia e nas causas públicas do país. O Brasil perde um grande advogado, uma figura exemplar e símbolo da advocacia brasileira e perde também um homem público de qualidades inegáveis. Eu sei o quanto ele fez pela defesa dos direitos humanos, pela defesa do estado de direito e pela democracia no nosso país. Nós perdemos todos, perco eu o amigo e perdem os brasileiros, um grande homem público."
Também amigo pessoal de longa data de Thomaz Bastos, o ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Cesar Asfor Rocha, disse que o criminalista fará muita falta, mas que seu exemplo fica. "Homem honrado. Paradigma da melhor advocacia. Defensor intransigente das prerrogativas da democracia. Elevado espírito público. Sua palavra sensata fará muita falta nestes tempos de negação. Mas seu exemplo fica", disse. Os dois tornaram-se amigos há 35 anos, antes mesmo de Asfor Rocha entrar na magistratura, quando ambos militavam na OAB.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fuxafirmou que a morte de Thomaz Bastos é uma perda irreparável. "Se destacou tanto na vida pública e privada pela sua competência singular, tendo intermediado com extrema sabedoria e felicidade conflitos na arena jurídica sem perder a sua grande característica de ser combativo defensor de seus constituintes. A sua figura representa uma perda irreparável para a democracia brasileira."
Ícone da advocacia
O Conselho Federal da OAB lamentou a morte de e anunciou luto oficial de sete dias, com a bandeira a meio mastro. O presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, afirmou que Bastos sempre será inspiração para a defesa do estado de direito, dos valores constitucionais e dos fundamentos de uma sociedade civilizada.  
“Um brasileiro exemplar, um advogado ético e decente, um jurista de escol, um homem de família, um amigo e conselheiro. Ao luto institucional se soma a tristeza pessoal pela irreparável perda deste inigualável presidente de sempre do Conselho Federal da OAB”, afirmou Marcus Vinícius.
O presidente da OAB-SP, Marcos da Costa, disse que Thomaz Bastos era um ícone da advocacia e lembrou sua atuação na vida pública. "A Advocacia brasileira perde um de seus ícones, um dos mais importantes e produtivos advogados criminalistas de sua geração, que patrocinou grandes causas e foi um tribuno de escol. Também foi um democrata na acepção máxima da palavra, tendo tido uma vigorosa atuação na Assembleia Nacional Constituinte, na OAB e ao longo de sua vida pública, sempre buscando assegurar as garantias do direito de defesa, raiz de todos os demais direitos do cidadão”. Na OAB-SP foi decretado luto oficial de três dias.
José Luis Oliveira Limalembrou as competências de Márcio Thomas Bastos. "MTB foi o maior estrategista que conheci. Um orador brilhante. Era um homem generoso, gentil, divertido. Sempre tinha uma boa palavra. Estou muito triste com a sua morte".
Fábio Tofic Simantob, do Tofic Simantob Advogados, afirmou que é um dia de luto para a advocacia e para o direito de defesa em geral. "Márcio foi um advogado a vida inteira, criminalistas dos mais talentosos e que deixou um legado de luta democrática que persistirá por muitas gerações".
O Movimento de Defesa da Advocacia (MDA), presidido pelo advogadoMarcelo Knopfelmacher, publicou nota de pesar. "Era um dos mais competentes advogados brasileiros, tendo contribuído diretamente para a criação do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, quando da promulgação da Emenda da Reforma do Judiciário, em 2004. Estendemos nossa solidariedade à família e aos companheiros de escritório do Dr. Márcio".
Pelo twitter o presidente da OAB do Rio de Janeiro, Felipe Santa Cruz, disse que a OAB está de luto pela morte do "brilhante advogado e dirigente que fez história".
*Notícia alterada às 10h45 e às 11h desta quinta-feira (20/11) para acréscimos.

References

  1. ^ morreu (www.conjur.com.br)
  2. ^ contou (www.conjur.com.br)

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