Apresentação

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Relatório paralelo da CPMI da Petrobras pedirá indiciamento de pelo menos oito pessoas

Relatório paralelo da CPMI da Petrobras pedirá indiciamento de pelo menos oito pessoas

Divulgação
Deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP)
Carlos Sampaio: relatório de Marco Maia pegou leve demais numa investigação seríssima e com consequências graves.
Cinco partidos de oposição (PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade) vão apresentar, na quarta-feira (17), um relatório paralelo para a Comissão Parlamentar Mista que investiga (CPMI) a Petrobras e pedir o indiciamento do deputado Luiz Argôlo (SD-BA), do deputado cassado André Vargas (sem partido-PR), do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e de executivos da empresa Toyo Setal.
Segundo o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), escolhido para redigir o texto, o relatório apresentado pelo deputado Marco Maia (PT-RS) nesta quarta-feira (10) “pegou leve demais”.
“O relatório deixou a desejar, o relator pegou leve demais numa investigação seríssima e com consequências graves. E, portanto, nós apresentaremos um relatório paralelo de todas as oposições”, afirmou o parlamentar. A votação do relatório de Marco Maia está prevista para a próxima quarta-feira (17), às 10h15.
Argôlo
Argôlo não foi encontrado pela reportagem para comentar sobre a proposta de indiciamento. Segundo sua assessoria, o parlamentar está no interior da Bahia, sem comunicação.
Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara aprovou, no fim de outubro, a cassaçãodo mandato de Argôlo por quebra de decoro. O relatório do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) fala da relação entre Argôlo e Youssef e cita documento da Polícia Federal que indica que o parlamentar teria intermediado uma conversa entre o diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, e Youssef.

O advogado de Argôlo afirmou durante a leitura do relatório no Conselho de Ética, em 14 de outubro, que o parlamentar não tem nenhum envolvimento com a Petrobras.
Defesa
O relator, deputado Marco Maia, afirmou que não incluiu Argôlo e Vargas em seu parecer porque a relação deles com Youssef não tinha a ver com desvios na Petrobras. “Tudo que tem a ver com a Petrobras nós investigamos. O caso do deputado André Vargas, do Argôlo estão com as relações deles com o Youssef”, disse, após a reunião na última quarta-feira. Argôlo e Vargas são acusados de receber recursos ilícitos de Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal.
O relatório de Maia pede para o Ministério Público aprofundar a investigação sobre os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Nestor Cerveró (Área Internacional) e Renato Duque (Serviços), o doleiro Alberto Youssef e outras 48 pessoas.
Nesta quinta-feira (11), o Ministério Público Federal apresentou denúncia contra 35 investigados na sétima fase da Lava Jato, 22 deles empresários das empresas Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC. Os nomes apareceram na lista de Marco Maia para aprofundar a investigação.
Segundo Maia, o pedido para aprofundar a investigação é uma solicitação de indiciamento. Ele afirmou que não fez o indiciamento pessoa a pessoa porque seria inócuo fazer o pedido de pessoas já denunciadas à Justiça, como Paulo Roberto Costa. “Seria inócuo eu dizer ‘vamos responsabilizar o Paulo Roberto Costa por tais e tais crimes’. Ele já tá indiciado, inclusive denunciado e há pessoas que a investigação precisa avançar mais, como Nestor Cerveró”, afirmou após a apresentação do relatório.
Aprovação
Sampaio acredita que o texto poderá ser aprovado porque os parlamentares da base do governo não têm ido às reuniões da comissão. A oposição tem apenas oito entre as 32 vagas dos titulares da CPMI.
Pasadena
Para Sampaio, é “estarrecedor” o questionamento feito pelo relator Marco Maia, no texto entregue nesta quarta-feira, à decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de um prejuízo de US$ 792 milhões na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
“É estarrecedor que o relator tenha apresentado como sendo uma compra normal a da refinaria de Pasadena, quando todos, inclusive o TCU, defende que este é um dos casos em que houve a maior roubalheira do País”, afirmou o deputado tucano.
Segundo Marco Maia, a decisão, tomada em julho, precisa ser reavaliada. A justificativa foi que o acórdão foi “baseado em cenário que deixou de considerar fatores importantes que justificam o negócio”. Entre os pontos ignorados pelo tribunal, de acordo com o relator, estão outras compras de refinarias feitas à época e a rentabilidade atual e futura de Pasadena.
Políticos
Sampaio retomou a crítica de outros parlamentares da oposição sobre a ausência do braço político do esquema de desvio de recursos da Petrobras no relatório final. “O relator não abordou nem de passagem a questão de envolvimento do tesoureiro do PT [João Vaccari Neto], envolvido e denunciado por todos os delatores. E sequer comentou a questão das doações de campanha feitas com recursos criminosos”, disse.


Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Newton Araújo

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